terça-feira, 15 de março de 2011

EXEMPLOS DE POEMAS Andressa n° 04, Juliane n° 16, Lairine n° 35

TABACARIA
Fernando Pessoa
Poemas sobre a vida e o seu sentido

Tabacaria, de Fernando Pessoa, é indubitavelmente um dos mais extraordinários poemas do século XX. Ele é característico da poesia de Pessoa, da sua componente filosófica, do questionamento que ele faz da vida e do seu sentido.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(…)
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(…)
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Fernando Pessoa, 1888-1935, poeta português, Tabacaria


A VIDA
Poema lírico-juvenil
Emile Brontë

A vida, acredita, não é um sonho
Tão negro quanto os sábios dizem ser.
Frequentemente uma manhã cinzenta
Prenuncia uma tarde agradável e soalhenta.
Às vezes há nuvens sombrias
Mas é apenas em certos dias;
Se a chuvada faz as rosas florir
Ó porquê lamentar e não sorrir?
Rapidamente, alegremente
As soalhentas horas da vida vão passando
Agradecidamente, animadamente
Goza-as enquanto vão voando.
E quando por vezes a Morte aparece
E consigo o que de Melhor temos desaparece?
E quando a dor se aprofunda
E a esperança vencida se afunda?
Oh, mesmo então a esperança há-de renascer,
Inconquistável, sem nunca morrer.
Alegre com a sua asa dourada
Suficientemente forte para nos fazer sentir bem
Corajosamente, sem medo de nada
Enfrenta o dia do julgamento que vem.
Porque gloriosamente, vitoriosamente
Pode a coragem o desespero vencer.
Emile Bronte, 1818-48, escritora inglês, Life




  

CÂNTICO AO IRMÃO SOL
Poema lírico-religioso
São Francisco de Assis

Louvado sejas, meu Senhor
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o nosso Irmão Sol,
Que nos traz o dia
E a luz que nos aquece
Ele que é belo e radiante
No seu grande esplendor
E de ti, Altíssimo, é a imagem.
S. Francisco de Assis, 1181-1226, Hino ao Irmão Sol




Shakespeare
monólogo de hamlet

Quem tais fardos suportaria
Preferindo gemer e suar sob o peso de uma vida fatigante
A não pelo medo de algo depois da morte
Esse país desconhecido de cujos campos
Nenhum viajante retornou, e que nos baralha a vontade
E nos faz suportar os males que temos
Em vez de voar para o que não conhecemos?












Reflexões poéticas sobre a vida, a sua essência e os seus sentidos

A prosa pode envolver poesia – por via de uma linguagem cuidada, assente em imagens, falando à nossa sensibilidade. E os exemplos abaixo são demonstrativos disso mesmo.
Da escuridão chegámos, para a escuridão vamos.
H. Rider Haggard, 1856-1925, escritor inglês, King Solomon’s Mines
A vida é nada, a vida é tudo. É a mão com que seguramos a morte. É o pirilampo que brilha na noite e que desaparece na manhã; é o respirar branco da gazela no Inverno; é a pequena sombra que corre sobre a erva e se perde ao pôr-do-sol.
H. Rider Haggard, 1856-1925, escritor inglês, King Solomon’s Mines
A vida? Gotas de luar
Gotas caídas
De gerânios a abanar.
K. Dogen, 1200-1253, líder espiritual budista japonês, citado por C. Sagan em Billions and Billions.

Pobre, intrincada alma! Enigmática, perplexa, labiríntica alma humana!
John Donne, 1572-1631, poeta inglês, Sermons. 

Pequena alma errante, hóspede e companheira do corpo, para onde irás tu agora, pálida, rígida e nua, sem poderes brincar como dantes?
Adriano, 76-138, imperador romano, versos escritos pouco antes de morrer, citados em D. Boorstin, Os Criadores

De fora da escuridão viemos, para a escuridão vamos…
H. Rider Haggard, 1856-1925, escritor inglês, King Solomon’s Mines

Abençoado seja o que inventou o sono, a manta que cobre todos os pensamentos humanos, o alimento que satisfaz a fome, a bebida que apazigua a sede, o fogo que aquece o frio, o frio que modera o calor, e, finalmente, a moeda corrente que compra todas as coisas, e a balança e os pesos que igualizam o pastor e o rei, o ignorante e o sábio.
M. Cervantes, 1547-1616, escritor espanhol, Dom Quixote 

Os dias dos seres humanos são como a erva: como a flor do campo assim florescem, mas mal o vento sopra, logo deixam de existir, e o seu lugar não mais conhecem.
Bíblia, Salmos 103

Espero passar por este mundo apenas uma vez; por isso, qualquer bem que eu possa fazer, qualquer acto de bondade que possa mostrar para com as criaturas minhas irmãs, quero realizá-los imediatamente. Não quero adiar ou esquecer, porque não percorrerei mais este caminho.
Atribuído frequentemente a Stephen Grellet, 1733-1855,   missionário francês

Irmãos humanos que depois de nós viveis:
Contra nós um coração duro não useis.
Tende sim piedade de nós
Para que também Deus tenha misericórdia de vós.
François Villon, século XII, poeta francês, Ballade des pendus



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