segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Romantismo no Brasil

A nossa história , a nossa literatura

Romantismo no Brasil



O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois da nossa


independência política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros


artistas românticos estão empenhados em definir um perfil da cultura


brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o


passado


histórico, as diferenças regionais, a religião, etc. Pode-se dizer que o


nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção de


nossos


primeiros escritores românticos.
 
Momento histórico



A Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a co


lônia à categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves. As


conseqüências desse fato são inúmeras. A vida brasileira altera-se pro


fundamente, o que de certa forma contribui para o processo de indepen


dência política da nação.


As dinamizações da vida cultural da colônia e a criação de um


público leitor criam algumas das condições necessárias para o flores


cimento de uma literatura mais consistente e orgânica do que eram as


manifestações literárias dos séculos XVII e XVIII.
 
Particularidades do nosso Romantismo



A Independência política, em 1822, desperta na consciência de


intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura bra


sileira identificada com suas próprias raízes históricas, lingüísticas e


culturais.


O Romantismo assume em nossa literatura a conotação de um


movimento anticolonialista e antilusitano. Portanto, um dos traços


essenciais do nosso Romantismo é o nacionalismo, abrindo um leque


de possibilidades a serem exploradas:


a) o indianismo


b) o regionalismo


c) a pesquisa histórica, folclórica e lingüística


d) crítica aos problemas nacionais


Marco inicial do Romantismo no Brasil:


Suspiros poéticos e saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães.
 
As gerações do Romantismo



Primeira geração


Nacionalista, indianista e religiosa.


Poetas: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.


Segunda geração


Marcada pelo mal-do-século, apresenta egocentrimo


exacerbado, pessimismo, satanismo e


atração pela morte.


Poetas: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu,


Fagundes Varela e Junqueira Freire.


Terceira geração


Marcada pelo condoreirismo: poesia de cunho político e social.


Poeta de maior expressão: Castro Alves.
 
Gonçalves Dias



“ Um projeto de cultura brasileira”


(1823 - 1864)


Filho de português com uma cafuza, o maranhense fez os primeiros


estudos em seu Estado natal e completou-os em Coimbra, onde


cursou Direito. De volta ao Brasil (1845), trouxe em sua bagagem boa


parte de seus escritos. Fixa-se no Rio de Janeiro, e ali publica sua primeira


obra Primeiros contos (1846). Fez várias viagens pelo país, incluindo


a Amazônia, tendo chegado a escrever uma Dicionário da língua


tupi.


Embora Gonçalves de Magalhães seja considerado o introdu


tor do romantismo no Brasil, foi, na verdade, Gonçalves Dias quem implantou


e solidificou a poesia romântica em nossa literatura.
 
Gonçalves Dias



A obra de Gonçalves Diaspode ser considerada a realização


de um verdadeiro projeto de construção da cultura brasileira.


O autor, buscando captar a sensibilidade e os sentimentos de


nosso povo, criou uma poesia voltada para o índio e para a natureza


brasileira, numa linguagem simples e acessível.


Seus versos, tais como os de sua Canção do exílio, são meló-


dicos e exploram métricas e ritmos variados. Cultivou também poe


mas religiosos, de fundo panteísta (adoração da natureza como divin


dade).


Sua obra poética apresenta os gêneros lírico e épico. Na épica,


canta os feitos heróicos de índios valorososque substituem a figura


do herói medieval europeu (I-Juca -Piramae Os timbiras). Na lírica, os


temas mais comuns são a pátria, a natureza, Deus, o índio e o amor


não correspondido-em grande parte, decorrente de sua frustrada


paixão por Ana Amélia do Vale.
 
Segunda fase: O Ultra-Romantismo



“Desinteresse pela vida político-social, retorno a si


mesmo, atitude profundamente pessimista diante


da vida, tédio, falta de perspectivas, sonho com


amores impossíveis, espera da morte.”
 
O Ultra-Romantismo



Nas décadas de 50 e 60 do século XIX, forma-se nos meios uni-


versitários de São Paulo e Rio de Janeiro um novo grupo de poetas,


que vai dar origem à segunda geração da poesia romântica brasileira.


Esses poetas, na maioria, eram jovens que levavam uma vida desregra


da, dividida entre os estudos acadêmicos, o ócio, o caos amoroso e


a leitura de obras literárias européias.


Com estilo de Byron e Musset, essa geração caracterizava-se


pelo espírito do “mal-do-século”,uma onda de pessimismo doentio di-


ante do mundo que se traduzia no apego a certos valores decadentes


tais como a bebida, o vício, e na atração pela noite e pela morte.


Os ultra-românticos desprezavamcertos temas e posturas da


primeira geração, como o nacionalismo e o indianismo. Acentuavam


traços como o subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo, am-


pliando a experiência da sondagem interiore preparando terreno


para a investigação psicológica que caracterizará o Realismo.
 
O medo de amar



Quanto ao amor, os ultra-românticos possuem uma visão dua


lista, que envolve atração e medo, desejo e culpa.


Os ultra-românticos temem a realização amorosa. O ideal femi


nino é normalmente associado a figuras incorpóreas ou assexuadas,


como anjo, criança, virgem, etc., e as referências ao amor físico se dão


apenas de modo indireto, sugestivo ou superficialmente.


No fogo vivo eu me abrasara inteiro!


Ébrio e sedento na fugaz vertigem


Vil, machucava com meu dedo impuro


As pobres flores da grinalda virgem!


Vampiro infame, eu sorveria em beijos


Toda a inocência que teu lábio encerra,


E tu serias nolascivoabraço


Anjo enlodado nos pauisda terra


Se de ti fujo é que te adoro e muito,


És bela -eu moço; tens amor, eu -medo!...


Lascivo: sensual


pauis: brejo
 
Álvares de Azevedo



É a principal expressão da geração ultra-


romântica de nossa poesia. Paulista, fez os estu


dos básicos no Rio de janeiro e cursava o quinto


ano de Direito em São Paulo quando sofreu um


acidente, cujas complicações o levaram à morte,


aos 20 anos de idade.


O escritor cultivou a poesia, a prosa e o teatro. Toda a sua produção -sete livros, discursos e cartas -foi escrita em apenas quatro anos, período em que era estudante universitário.


(1831 -1852)
 
As faces de Ariel e Caliban



A característica intrigante de sua obra reside na articulação


consciente de um projeto literário baseado na con


tradição, talvez a contradição que ele próprio sentido como


adolescente. Esse aspecto é visível nas partes que formam


sua principal obra poética: Lira dos vinte anos. A primeira


e a terceira partes mostram um Álvares de Azevedo adolescente,


casto, sentimental e ingênuo. Ele mesmo chama a


essas partes de as faces de Ariel, isto, é a face do bem.


Quando se abre a segunda parte da Lira dos vinte anos, contudo, o leitor


depara com um segundo prefácio da obra, com os seguintes dizeres:


Cuidado, leitor, ao voltar esta página!


Aqui dissipa-se o mundo viosionário e platônico. Vamos entrar num


mundo novo (...) Quase que depois de Ariel esbarramos em Caliban. (...) Nos meu lábios


onde suspirava a monotonia amorosa, vem a sátira que morde.


Com esse comentário o poeta introduz o leitor no mundo de Caliban, que retra


tam um mundo decadente, povoado de viciados, bêbados e prostitutas, de nadarilhos


solitários, sem vínculos e sem destino: Noite na taverna e Macário.
 
O condoreirismo



•A terceira geração romântica foi chamada de condoreira ou de poesia social, pois buscava demonstrar em sua obra os problemas sociais do Brasil da época, como escravidão, proletariado e outros.O seu principal representante foi


Castro Alves.
 
Obra condoreira



Navio Negreiro


O navio negreiroé um poemade Castro Alvese um dos mais conhecidos da literatura brasileira. O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos africanosarrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios negreirosque os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores.
 
Navio Negreiro



•Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos!


•Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra —é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia


•Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar —doudo cometa!


•Albatroz! Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
 

Um comentário:

  1. Professor Rone disse: Esta é a fonte da pesquisa: Romantismo no Brasil
    www.colegiodasirmas.com.br/.../Romantismo%20no%20Brasil%20- %20Parte%201.ppt - (adaptado pelo Professor Rone)

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