segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Guia prático da nova ortografia da Língua Portuguesa

Guia Prático da




NOVA


ORTO GRA FIA




Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram

reintroduzidas as letras k, w e y.

O alfabeto completo passa a ser:

A B C D E F G H I

J K L M N O P Q R

S T U V WX Y Z

As letras k, w e y, que na verdade

não tinham desaparecido da maioria

dos dicionários da nossa língua,

são usadas em várias situações. Por

exemplo:

a) na escrita de símbolos de unidades

de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),

W (watt);


b) na escrita de palavras estrangeiras (e

seus derivados): show, playboy, playground,

windsurf, kung fu, yin, yang,

William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal

colocado sobre a letra u para indicar

que ela deve ser pronunciada nos grupos

gue, gui, que, qui.

Como era Como fica

agüentar aguentar

argüir arguir

bilíngüe bilíngue

cinqüenta cinquenta

delinqüente delinquente

eloqüente eloquente

ensangüentado ensanguentado

eqüestre equestre

freqüente frequente

lingüeta lingueta

lingüiça linguiça

qüinqüênio quinquênio

sagüi sagui

seqüência sequência

seqüestro sequestro

tranqüilo tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas

nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.

Exemplos: Müller, mülleriano.


Mudanças nas regras

de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos

abertos éi e ói das palavras

paroxítonas (palavras que têm acento

tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica

alcalóide alcaloide

alcatéia alcateia

andróide androide

apóia (verbo apoiar) apoia

apóio (verbo apoiar) apoio

asteróide asteroide

bóia boia

celulóide celuloide

clarabóia claraboia

colméia colmeia

Coréia Coreia

debilóide debiloide

epopéia epopeia

estóico estoico

estréia estreia

estréio (verbo estrear) estreio

geléia geleia

heróico heroico

idéia ideia

jibóia jiboia

jóia joia

odisséia odisseia

paranóia paranoia

paranóico paranoico

platéia plateia

tramóia tramoia

Atenção: essa regra é válida somente

para palavras paroxítonas. Assim, continuam

a ser acentuadas as palavras

10 Douglas Tufano Guia Prático da Nova Ortografia 11

oxítonas e os monossílabos tônicos

terminados

em éis e ói(s). Exemplos:

papéis, herói, heróis, dói (verbo doer),

sóis etc.

2. Nas palavras paroxítonas, não se

usa mais o acento no i e no u tônicos

quando vierem depois de um ditongo

decrescente.

Como era Como fica

baiúca baiuca

bocaiúva bocaiuva*

cauíla cauila**

feiúra feiura

* bocaiuva = certo tipo de palmeira

**cauila = avarento

Atenção: 1) se a palavra for oxítona e

o i ou o u estiverem em posição final

(ou seguidos de s), o acento permanece.

Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí; 2)

se o i ou o u forem precedidos de ditongo

crescente, o acento permanece.

Exemplos: guaíba, Guaíra.

3. Não se usa mais o acento das palavras

terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como fica

abençôo abençoo

crêem (verbo crer) creem

dêem (verbo dar) deem

dôo (verbo doar) doo

enjôo enjoo

lêem (verbo ler) leem

magôo (verbo magoar) magoo


perdôo (verbo perdoar) perdoo

povôo (verbo povoar) povoo

vêem (verbo ver) veem

vôos voos

zôo zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava

os pares pára/para, péla(s)/

pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s)

e pêra/pera.

Como era Como fica

Ele pára o carro. Ele para o carro.

Ele foi ao pólo Ele foi ao polo

Norte. Norte.

Ele gosta de jogar Ele gosta de jogar

pólo. polo.

Esse gato tem Esse gato tem

pêlos brancos. pelos brancos.

Comi uma pêra. Comi uma pera.

Atenção!

• Permanece o acento diferencial em

pôde/pode. Pôde é a forma do passado

do verbo poder (pretérito perfeito do

indicativo), na 3.ª pessoa do singular.

Pode é a forma do presente do indicativo,

na 3.ª pessoa do singular.

Exemplo: Ontem, ele não pôde sair

mais cedo, mas hoje ele pode.

• Permanece o acento diferencial em

pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.

Exemplo: Vou pôr o livro na estante

que foi feita por mim.

• Permanecem os acentos que diferenciam

o singular do plural dos verbos

ter e vir, assim como de seus derivados

(manter, deter, reter, conter, convir,

intervir, advir etc.). Exemplos:


Ele tem dois carros. / Eles têm dois

carros.

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de

Sorocaba.

Ele mantém a palavra. / Eles mantêm

a palavra.

Ele convém aos estudantes. / Eles convêm

aos estudantes.

Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

Ele intervém em todas as aulas. / Eles

intervêm em todas as aulas.

• É facultativo o uso do acento circunflexo

para diferenciar as palavras forma/

fôrma. Em alguns casos, o uso do

acento deixa a frase mais clara. Veja

este exemplo: Qual é a forma da fôrma

do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no

u tônico das formas (tu) arguis, (ele)

argui, (eles) arguem, do presente do

indicativo do verbo arguir. O mesmo

vale para o seu composto redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos

verbos terminados em guar, quar e

quir, como aguar, averiguar, apaziguar,

desaguar, enxaguar, obliquar,

delinquir etc. Esses verbos admitem

duas pronúncias em algumas formas

do presente do indicativo, do presente

do subjuntivo e também do imperativo.

Veja:

a) se forem pronunciadas com a ou i

tônicos, essas formas devem ser acentuadas.

Exemplos:


• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas,

enxágua, enxáguam; enxágue,

enxágues, enxáguem.

• verbo delinquir: delínquo, delínques,

delínque, delínquem; delínqua,

delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico,

essas formas deixam de ser acentuadas.

Exemplos (a vogal sublinhada

é tônica, isto é, deve ser pronunciada

mais fortemente que as outras):

• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas,

enxagua, enxaguam; enxague,

enxagues, enxaguem.

• verbo delinquir: delinquo, delinques,

delinque, delinquem; delinqua,

delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais

corrente é a primeira, aquela com a e

i tônicos.

Uso do hífen

com compostos

1. Usa-se o hífen nas palavras compostas

que não apresentam elementos

de ligação. Exemplos:

guarda-chuva, arco-íris, boa-fé,

segunda-feira, mesa-redonda,

vaga-lume, joão-ninguém,

porta-malas, porta-bandeira,

pão-duro, bate-boca

* Exceções: Não se usa o hífen em

certas palavras que perderam a noção

de composição, como girassol, madressilva,

mandachuva, pontapé,

paraquedas, paraquedista, paraquedismo.


2. Usa-se o hífen em compostos que

têm palavras iguais ou quase iguais,

sem elementos de ligação. Exemplos:

reco-reco, blá-blá-blá,

zum-zum, tico-tico,

tique-taque, cri-cri, glu-glu,

rom-rom, pingue-pongue,

zigue-zague, esconde-esconde,

pega-pega, corre-corre

3. Não se usa o hífen em compostos

que apresentam elementos de ligação.

Exemplos:

pé de moleque, pé de vento,

pai de todos, dia a dia, fim de semana,

cor de vinho, ponto e vírgula, camisa

de força, cara de pau, olho de sogra

Incluem-se nesse caso os compostos

de base oracional. Exemplos:

maria vai com as outras,

leva e traz, diz que diz que,

deus me livre, deus nos acuda,

cor de burro quando foge,

bicho de sete cabeças,

faz de conta

* Exceções: água-de-colônia, arco-

-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-

-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará,

à queima-roupa.

4. Usa-se o hífen nos compostos entre

cujos elementos há o emprego do

apóstrofo. Exemplos:

gota-d’água, pé-d’água


5. Usa-se o hífen nas palavras compostas

derivadas de topônimos (nomes

próprios de lugares), com ou sem

elementos de ligação. Exemplos:

Belo Horizonte —

belo-horizontino

Porto Alegre —

porto-alegrense

Mato Grosso do Sul —

mato-grossense-do-sul

Rio Grande do Norte —

rio-grandense-do-norte

África do Sul —

sul-africano

6. Usa-se o hífen nos compostos que

designam espécies animais e botânicas

(nomes de plantas, flores, frutos,

raízes, sementes), tenham ou não elementos

de ligação. Exemplos:

bem-te-vi, peixe-espada,

peixe-do-paraíso,

mico-leão-dourado,

andorinha-da-serra,

lebre-da-patagônia,

erva-doce, ervilha-de-cheiro,

pimenta-do-reino,

peroba-do-campo,

cravo-da-índia

Obs.: não se usa o hífen, quando os

compostos que designam espécies botânicas

e zoológicas são empregados

fora de seu sentido original. Observe a

diferença de sentido entre os pares:

a) bico-de-papagaio (espécie de planta

ornamental) - bico de papagaio

(deformação nas vértebras).

b) olho-de-boi (espécie de peixe) -

olho de boi (espécie de selo postal).


Uso do hífen

com prefixos

As observações a seguir referem-se ao

uso do hífen em palavras formadas por

prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou

por elementos que podem funcionar

como prefixos (aero, agro, auto, eletro,

geo, hidro, macro, micro, mini,

multi, neo etc.).

Casos gerais

1. Usa-se o hífen diante de palavra

iniciada por h.

Exemplos:

anti-higiênico

anti-histórico

macro-história

mini-hotel

proto-história

sobre-humano

super-homem

ultra-humano

2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar

com a mesma letra com que se inicia

a outra palavra. Exemplos:

micro-ondas

anti-inflacionário

sub-bibliotecário

inter-regional

3. Não se usa o hífen se o prefixo

terminar com letra diferente daquela

com que se inicia a outra palavra.

Exemplos:


autoescola

antiaéreo

intermunicipal

supersônico

superinteressante

agroindustrial

aeroespacial

semicírculo

* Se o prefixo terminar por vogal e a

outra palavra começar por r ou s, dobram-

se essas letras. Exemplos:

minissaia

antirracismo

ultrassom

semirreta

Casos particulares

1. Com os prefixos sub e sob, usa-se

o hífen também diante de palavra iniciada

por r. Exemplos:

sub-região

sub-reitor

sub-regional

sob-roda

2. Com os prefixos circum e pan,

usa-se o hífen diante de palavra iniciada

por m, n e vogal. Exemplos:

circum-murado

circum-navegação

pan-americano


3. Usa-se o hífen com os prefixos ex,

sem, além, aquém, recém, pós, pré,

pró, vice. Exemplos:

além-mar

além-túmulo

aquém-mar

ex-aluno

ex-diretor

ex-hospedeiro

ex-prefeito

ex-presidente

pós-graduação

pré-história

pré-vestibular

pró-europeu

recém-casado

recém-nascido

sem-terra

vice-rei

4. O prefixo co junta-se com o segundo

elemento, mesmo quando este se

inicia por o ou h. Neste último caso,

corta-se o h. Se a palavra seguinte começar

com r ou s, dobram-se essas letras.

Exemplos:

coobrigação

coedição

coeducar

cofundador

coabitação

coerdeiro

corréu

corresponsável

cosseno

5. Com os prefixos pre e re, não se

usa o hífen, mesmo diante de palavras

começadas por e. Exemplos:


preexistente

preelaborar

reescrever

reedição

6. Na formação de palavras com ab,

ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra

começada por b, d ou r. Exemplos:

ad-digital

ad-renal

ob-rogar

ab-rogar

Outros casos

do uso do hífen

1. Não se usa o hífen na formação de

palavras com não e quase. Exemplos:

(acordo de) não agressão

(isto é um) quase delito

2. Com mal*, usa-se o hífen quando

a palavra seguinte começar por vogal,

h ou l. Exemplos:

mal-entendido

mal-estar

mal-humorado

mal-limpo

* Quando mal significa doença, usa-

-se o hífen se não houver elemento de


ligação. Exemplo: mal-francês. Se

houver elemento de ligação, escreve-

-se sem o hífen. Exemplos: mal de

lázaro, mal de sete dias.

3. Usa-se o hífen com sufixos de origem

tupi-guarani que representam

formas adjetivas, como açu, guaçu,

mirim. Exemplos:

capim-açu

amoré-guaçu

anajá-mirim

4. Usa-se o hífen para ligar duas ou

mais palavras que ocasionalmente se

combinam, formando não propriamente

vocábulos, mas encadeamentos

vocabulares. Exemplos:

ponte Rio-Niterói

eixo Rio-São Paulo

5. Para clareza gráfica, se no final

da linha a partição de uma palavra ou

combinação de palavras coincidir com

o hífen, ele deve ser repetido na linha

seguinte. Exemplos:

Na cidade, conta-

-se que ele foi viajar.

O diretor foi receber os ex-

-alunos.



.
fonte: Editora Melhoramentos / Abril de 2009 (adaptado pelo professor Rone)

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